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Resolvi postar esse texto, porque diz algumas verdades que poucos sabem. Ele foi escrito por Gabriel Perissé em 18/1/2011 para o Observatório da Imprensa | |
A revista Veja não economiza espaço quando se trata de divulgar os palpites de Gustavo Ioschpe sobre educação. Não haveria um articulista mais articulado para essa tarefa? Ou, pensando melhor, Ioschpe e Veja vivem em total harmonia. As afirmações de um, abalizadas pela outra, demonstram, apesar do tom peremptório e seguro, uma fragilidade teórico-prática impressionante. Ioschpe costuma aludir a pesquisas (não especificando, na maioria das vezes, que pesquisadores são esses, que pesquisas são essas, onde consultá-las), dando como líquido e certo tal ou qual verdade. Na Veja de 13/10/2010, por exemplo, escreveu um artigo, "Educação de qualidade: de volta ao futuro", do qual destaco o seguinte trecho: Ainda nesse artigo de Ioschpe, outra pérola: Em dezembro do ano passado, visivelmente abalado com a vitória de Dilma Rousseff, Ioschpe, em novo artigo (Veja, 29/12/2010), intitulado "Aumentaram os gastos, mas a qualidade...", teve a coragem de escrever: Realidade se resume a poucas palavrasE não são as universidades federais que "despejam" professores despreparados no mercado! Na década de 1990, calculava-se que 80% dos professores da rede pública estadual de São Paulo formaram-se em faculdades privadas. Em 2008, o MEC divulgou estudo segundo o qual 70% dos professores aptos a lecionar no ensino básico do Brasil formaram-se em faculdades e universidades particulares. Andar na contramão da realidade pode provocar acidentes. No caso de Ioschpe, suas declarações entram em rota de colisão com o óbvio. Nem precisaríamos recorrer a teses de doutorado ou pesquisas financiadas por bancos ou assemelhados. Em novembro e dezembro de 2010, e neste mês de janeiro, o articulista publicou em três partes um artigo cujo título não é nada ambicioso: "Como melhorar a educação brasileira". Basta-nos ler (e brevemente comentar) alguns dos seus melhores momentos... Uma breve pesquisa informa o óbvioOutro momento de Ioschpe, influenciado pelos noticiários sobre o Morro do Alemão: Um último parágrafo: Uma breve pesquisa na internet informa o óbvio. As melhores escolas possuem laboratórios, computadores e biblioteca. Seus professores são bem remunerados, o que lhes permite dedicação exclusiva, ou quase exclusiva, com tempo necessário para prepararem aulas inovadoras, em geral empregando recursos tecnológicos. |
Algumas semanas atrás assisti a um filme sobre a vida de Leon Tolstói, chamado A última estação. Uma obra muito boa que conta a história dos últimos anos da vida do autor russo de Guerra e Paz e outros clássicos da literatura do século XIX e início do XX. Conta muito mais que o autor e suas obras, fala do seu envolvimento com uma nova doutrina que surgiu em torno de suas idéias e passou a ser denominado de Movimento tolstoiano. Mas esse post não quer discutir o filme em si, mas a discussão gerada por ele.
Após o termino da sessão, no caminho de casa, minha amiga perguntou-me se poderia existir realmente um AMOR VERDADEIRO, como demonstrado no filme. Respondi com toda sinceridade que SIM, porém fiz algumas ressalvas. Esse amor pode existir se, e somente se, não for visto nem sentido através de LENTES e FILTROS. Trocando em miúdos, ele pode existir desde que seja realmente SINCERO.
Essa discussão levou todo o caminho de volta pra casa, e durante esse tempo tentei explicar que, na maioria das vezes, vemos na outra pessoa o que desejamos que ela fosse, e não o que realmente ela é. Nós a vemos através de uma lente que como nossos óculos, só servem para nós mesmos. O problema é que, como nossos óculos só servem para nós, as impressões que temos do outro só servem para nós e, nem sempre, se encaixam na realidade. Talvez por um pequeno período isso não seja obstáculo, mas com o tempo passa a ser e, ou as lentes caem ou algum tipo de ruptura acontece.
Já chegando próximo de casa, terminei de responder à pergunta dizendo que esse amor verdadeiro poderia e pode existir se enxergarmos o que há de verdadeiro no outro, se entendermos o outro como ele é, e não como desejamos que ele fosse. Devemos olhá-lo sem nenhuma lente, sem nenhum filtro. E isso não se resume somente a relacionamentos amorosos, mas a todo tipo de relacionamento que temos em sociedade. Relações entre familiares, de trabalho e de amizade também devem ser vistas sem o uso de lentes, o que normalmente não ocorre.
Em casa, pensei um pouco mais sobre essas últimas palavras do parágrafo anterior e pude perceber realmente que muitos relacionamentos, amizades, trabalhos e ofertas de emprego não dão certo porque, na maioria das vezes, esperamos mais do que eles podem nos dar. Porque, na verdade, os vemos através de lentes que nós mesmos colocamos e que muitas vezes podem distorcer a realidade. Essas lentes ou filtros caracterizam-se, muitas vezes, por vultuosas ofertas de dinheiro, no caso de trabalhos ou empregos; ou, nos relacionamentos amorosos, por "belezas" supostamente belas (no puro termo platônico) que são percebidas numa única noite; ou ainda, nas amizades esses filtros e lentes caem quando a cerveja acaba, ou quando alguém interfere nos desejos sexuais ou alcoólicos do outro.
Quantas vezes não escutamos: "Não era o que eu pensava", "Agora eu vi do que ele é capaz", "Não imaginava que ela podia fazer isso" entre tantas outras palavras de decepção e de arrependimento. Tudo isso acontece, pois nós vemos o mundo, somente, com os nossos olhos, ou com as lentes que colocamos em frente deles, e nos recusamos a enxergar a realidade. A VERDADE está visível pra quem quer ver. Nós por comodidade, geralmente buscamos deturpá-la através de lentes. Só pra citar um exemplo prático, tente usar óculos com lentes de graus elevados. No fundo, conhecemos a verdade sobre a pessoa com quem queremos iniciar um relacionamento, sobre a pessoa que queremos transformá-la em amiga, sobre aquela empresa que oferece um salário enorme, mas propositadamente, ou não, deturpamos essa verdade em detrimento de uma ilusão criada por nós mesmos.
Voltando ao início para terminar. O Amor Verdadeiro pode existir, se entendermos que o OUTRO é diferente de nós e que ele não precisa, necessariamente, ser o que pensamos dele. As pessoas não mudam, elas entendem as diferenças umas das outras. Como disse em outro texto, as pessoas podem ser o contrário de tudo aquilo que pensamos dela, cabe, portanto, a nós entendermos isso e ver se não estamos enxergando o mundo através de lentes, postas por nós mesmos ou por outros.
Ezequiel Barel Filho
Coimbra, 10 de janeiro de 2011