"... deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)..." (A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Não sabemos viver sem um Estado Militar


A presença do exército e da movimentação de forças policias em grande escala, como, nos morros do Rio; na repressão a professores em Minas; nos mandos de desmandos da PM de São Paulo, principalmente no caso do Pinheiro, e na repressão de movimentos dentro da Usp, e no enfrentamento entre Policias Civis lutando por "comida" e Policiais Militares lutando por José Serra algum tempo atrás (Sem contar que quase a totalidade das subprefeituras da cidade de São Paulo são ocupadas por militares da reserva da PM); na Bahia, agora (com o governo do PT ); evidencia algo preocupante: a militarização do Estado Brasileiro.
Essa questão leva a muitas colocações:
- a quem interessa essa militarização do Estado, principalmente, se analisarmos o caso de São Paulo?
- a única saída para conter a criminalidade é o fortalecimento do aparato repressivo do Estado?
- o exército brasileiro, diferente de outros exércitos, define em suas atitudes, que ele existe não para defender o Brasil de ameça estrangeira, mas sim dos próprios brasileiros. (é só olharmos, historicamente, a formação da instituição)

Existem várias outras colocações, mas essa é minha última:
- Nós ainda não sabemos viver em DEMOCRACIA!!
---Vejam na história do Brasil:
------em 1822, em muitos estados a independência foi imposta;
------na Regência, os vários movimentos populares e sociais, foram massacrados;
------no Segundo Reinado, Guerra do Paraguai;
------no Período Republicano, imposto por militares, mais confrontos ainda: Canudos, Armada, Vacina, Chibata, Juazeiro, Contestado, Coluna Prestes, entre vários outros
------na década de 1930, outro movimento armado imposto pelo exército, sob o comando de Getúlio Vargas, ainda nessa década, o movimento de 1932, encabeçada por São Paulo, o levante integralista, e a tentativa de Golpe do PCB
------depois de 20 anos da ditadura Vargas, pasmem: o exército "salvador" do Brasil, através de um Golpe, assume o poder novamente, ficando mais 20 anos no poder (1964-1985). Nesses mais de 20 anos, exército, marinha, aeronáutica, polícias estaduais e civis, encabeçaram um dos maiores movimento repressão e tortura ja vistos, basta pesquisarmos sobre SNI, DOI-CODI, Deops, etc; sem contar os confrontos entre grupos paramilitares de esquerda (colina, Var-Palmares, MR-8, a Guerrilha do Araguaia, entre vários outros) e grupos paramilitares de direita (patrocinados principalmente por grandes empresários brasileiros);

------Hoje, 27 anos depois do último ditador militar, os conflitos diminuíram? O uso político da força militar foi extinto? A repressão àqueles que divergem do Governo teve um basta? Nenhum grevista foi preso, ou penalizado por lutar pelos seus direito? As Polícias Militares não agem dentro da legalidade, e do respeito a um cidadão que vive numa Democracia de Direito? Conseguimos nos sentir SEGUROS com esse investimento no aparato militar cada vez maior das Cidades (Guardas-Municipais), dos estados (Polícias Militares) e do Governo Federal (Exército e Guarda Nacional)? Armas  trazem SEGURANÇA?

Se fizermos uma conta simples, sem nenhum rigor teórico-metodológico, aparentemente, de 1889 a 1990, durante 101 anos, tivemos aproximadamente, 50% desse tempo vivendo em "anos de paz"(não ininterruptos), sem nenhum tipo de movimento armado.
Não quero estender esse cálculo até hoje porque acredito que vivemos uma "guerra não declarada", em que o inimigo, ao contrário do período anterior, pode ser um sem terra, um desabrigado, um viciado, um estudante, um bombeiro, um policial militar, um professor, um índio, alguém com a cor da pele diferente, enfim, qualquer um. Porém se incluirmos as décadas de
1990 a 2010, esses anos que o Brasil viveu em "paz" cairá drasticamente.

Escrevi demais, muitas coisas ficaram no ar, muitas perguntas não serão respondidas, muitas constatações continuarão por anos e anos, até que entendamos melhor que nós é que temos que escolher o tipo de sociedade que queremos.