"... deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)..." (A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Portugal, Eu e os Vinhos

       Na maioria das vezes as pessoas perguntam-me sobre os vinhos portugueses. Esses dias, depois de tomar algumas taças de um vinho da região do Douro, resolvi registrar aqui minhas experiências com os vinhos portugueses. Deixo claro que são experiências degustativas, ou melhor, palatativas, e não as experiências provenientes do efeito do álcool contido nesses vinhos.
       Dessa maneira, inicio essas experiências contabilizando os vinhos que "apreciei" até hoje, desde minha chegada em terras lusitanas. Esse número diz respeito ao vinhos que eu experimentei, isso quer dizer que nem todos os vinhos que eu bebi foram contabilizados. Permitam-me uma digressão: Você "bebe" com o intuito de ficar bêbado ao passo que quando você "experimenta" seu objetivo é apreciar essa peculiar bebida proveniente da uva. Assim, contabilizei vinte e seis garrafas, com base nas rolhas guardadas dos vinhos experimentados. Contando que eu estou em Portugal a vinte e uma semanas, eu apreciei, aproximadamente, uma garrafa e meia do velho e bom vinho lusitano por semana, famoso muito antes do Tratado de Methuen. 
       Porém só a partir de hoje registrarei aqui, os vinhos apreciados, suas marcas, regiões, uvas e sabores. Isso significa que esse post será constantemente alterado para incluir novas experiências.

31/01/2011

Vinho: Monte Velho
Safra: 2009
Uvas: Trincadeira, Aragonês e Castelão
Teor alcóolico: 14%
Região: Alentejo
Vinícula: Herdade do Esporão
Impressões: Vinho bom, não "amarra" na boca. Apesar de ter 14% de álcool, é um vinho leve, não encorpado, em que você sente o sabor da uva e não do álcool.


01/02/2011


VinhoConde de Vimioso
Safra2009
UvasTouriga Nacional, Tinta Roriz e Cabernet Sauvignon
Teor alcóolico13,5%
RegiãoTejo
VinículaFalua Sociedade de Vinhos
Impressões: Esse vinho, diferente do de cima, é um pouco mais encorpado, deixando a boca um pouco "amarrada" no final. Como os que entendem disso, dizem, parece ser um vinho estruturado, seja lá o que isso quer dizer. O que deixa ele com mais corpo e a Cabernet Sauvignon na sua composição.





Algum dia

VinhoHerdade Porto da Bouga - Garrafeira
Safra: 2007
UvasAragonês, Trincadeira e Alicante Bousche
Teor alcóolico14%
RegiãoAlentejo
VinículaPorto da Bouga Vinhos
ImpressõesFaz algum tempo que bebi esse alentejano, mas só agora pude escrever sobre ele. O que posso dizer é: Foi o melhor alentejano que tomei desde quando cheguei em Portugal 

Algum dia




VinhoVinha Grande
Safra2005
UvasTouriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz
RegiãoDouro
VinículaCasa Ferreirinha
Impressões: Como faz um tempo que o tomei, o que me lembro é que faz jus à tradição do Douro, de produzir vinhos bons e encorpados!




31/01/2011

Vinho: Grão Vasco
Safra2008
UvasJaen, Tinta-Roriz e Touriga Nacional
Teor alcóolico13%
RegiãoDão
VinículaSogrape Vinhos
Impressões: É a segunda vez em uma semana que bebo esse vinho, e na primeira vez me pareceu um pouco diferente de agora. Talvez seja o efeito dos finos (cerveja de barril) que eu tomei antes. Mas mesmo assim, é um vinho leve, em que se percebe pouco o álcool e tem uma coloração avermelhada e translúcida (essas palavras já são efeitos do vinho). Não é dos melhores, mas acompanha um belo bife na frigideira.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Palpites dogmáticos

Resolvi postar esse texto, porque diz algumas verdades que poucos sabem. 
Ele foi escrito por Gabriel Perissé em 18/1/2011 para o Observatório da Imprensa


A revista Veja não economiza espaço quando se trata de divulgar os palpites de Gustavo Ioschpe sobre educação. Não haveria um articulista mais articulado para essa tarefa? Ou, pensando melhor, Ioschpe e Veja vivem em total harmonia. As afirmações de um, abalizadas pela outra, demonstram, apesar do tom peremptório e seguro, uma fragilidade teórico-prática impressionante.
Ioschpe costuma aludir a pesquisas (não especificando, na maioria das vezes, que pesquisadores são esses, que pesquisas são essas, onde consultá-las), dando como líquido e certo tal ou qual verdade. Na Veja de 13/10/2010, por exemplo, escreveu um artigo, "Educação de qualidade: de volta ao futuro", do qual destaco o seguinte trecho:
"[...] as pesquisas empíricas [...] mostram que a presença de computadores nas escolas não tem nenhum impacto sobre o aprendizado."Contudo, já no final do século 20, pesquisadores do mundo inteiro reuniam experiências que demonstravam como a utilização de computadores e da internet tornam as práticas docentes motivadoras. Bastaria citar um estudo de 1998, "The emerging contribution of online resources and tools to classroom learning and teaching", e, para entender a necessidade de a escola ingressar na Idade Mídia, o livro de Don Tapscott, A hora da geração digital (Agir Negócios, 2010).
Ainda nesse artigo de Ioschpe, outra pérola:
"Sindicatos mais poderosos pressionam para que o grosso da verba de educação seja gasto em aumentos salariais e diminuição do número de alunos em sala de aula, duas variáveis que não têm relação com a qualidade de ensino."Tentativa de corrigir uma injustiçaContudo, qualquer psicopedagogo, qualquer educador haverá de nos dizer que em turmas reduzidas o professor conseguirá dar atenção mais individualizada, poderá perceber melhor progressos e dificuldades de cada aluno, detectando os problemas e intervindo com mais eficácia. E, quanto aos salários, é difícil acreditar que pesquisadores (motivados por bolsas de estudos, talvez com ajuda do exterior...) dediquem seu tempo para descobrir que aumentos salariais não motivam professores...
Em dezembro do ano passado, visivelmente abalado com a vitória de Dilma Rousseff, Ioschpe, em novo artigo (Veja, 29/12/2010), intitulado "Aumentaram os gastos, mas a qualidade...", teve a coragem de escrever:
"[...] esse governo [federal] foi extremamente generoso nas concessões e omisso nas cobranças. Instituiu um piso nacional de salário para o magistério, atualmente em 1.024,00 reais. O salário médio do professor brasileiro subiu de 994 reais em 2003 para 1.527,00 reais em 2008 [...]. O governo, porém, não fez nenhuma intervenção mais forte nos cursos de formação de professores das próprias universidades federais, que continuam despejando no mercado profissionais despreparados para o exercício da docência."Ora, não se pode usar o advérbio "extremamente" em relação a uma generosidade nada extrema. Aliás, nem de generosidade se trata, mas da tentativa (tardia!) de corrigir uma injustiça: o salário de um professor de escola pública com diploma universitário equivale, hoje, a 60% do que recebem, em média, profissionais com o mesmo nível de ensino.
Realidade se resume a poucas palavrasE não são as universidades federais que "despejam" professores despreparados no mercado! Na década de 1990, calculava-se que 80% dos professores da rede pública estadual de São Paulo formaram-se em faculdades privadas. Em 2008, o MEC divulgou estudo segundo o qual 70% dos professores aptos a lecionar no ensino básico do Brasil formaram-se em faculdades e universidades particulares.
Andar na contramão da realidade pode provocar acidentes. No caso de Ioschpe, suas declarações entram em rota de colisão com o óbvio. Nem precisaríamos recorrer a teses de doutorado ou pesquisas financiadas por bancos ou assemelhados. Em novembro e dezembro de 2010, e neste mês de janeiro, o articulista publicou em três partes um artigo cujo título não é nada ambicioso: "Como melhorar a educação brasileira". Basta-nos ler (e brevemente comentar) alguns dos seus melhores momentos...
"Muitos professores chegam atrasados a suas aulas. Perdem tempo fazendo chamada, dando recados e advertências. É um desperdício" (Veja, 10/11/2010).Correto. Mas essa constatação é insuficiente. Por que muitos professores chegam atrasados? E por que a chamada é tão prolongada (ao mesmo tempo que exigida pela burocracia escolar)? E por que cabe aos professores darem recados e advertências? Se Ioschpe fizesse as perguntas certas aos que vivem essas realidades estaria realizando verdadeira pesquisa empírica e acabaria por descobrir uma realidade que se pode resumir em poucas palavras: professores sobrecarregados e turmas com grande número de alunos.
Uma breve pesquisa informa o óbvioOutro momento de Ioschpe, influenciado pelos noticiários sobre o Morro do Alemão:
"É curioso: nossos governantes criaram coragem para invadir o Morro do Alemão, mas as universidades públicas continuam sendo consideradas território perigoso demais para a ação saneadora do estado. Esculachar bandido armado de metralhadora é mais fácil do que peitar os doutores da academia, que permanecem livres para perpetrar seus delitos intelectuais" (Veja, 22/12/2010).Mais do que curioso... é incrível que alguém possa, impunemente, comparar bandidos e professores universitários! Que tipo de "limpeza" deveria ser feita nas universidades públicas? Não seria o caso de imaginar que as particulares merecem igual ou maior rigor?
Um último parágrafo:
"Em termos de regime de trabalho, ao contrário dos desejos dos sindicatos, a maioria das pesquisas mostra que não faz diferença, para o aprendizado do aluno, quantos empregos o professor tem, se trabalha em uma escola ou mais" (Veja, 19/01/2011).De novo, impressiona ler uma afirmação dessas. Será que, além de desconhecer a escola pública, Ioschpe ignora a realidade vantajosa das escolas particulares, cujos alunos obtêm os melhores resultados no Enem?
Uma breve pesquisa na internet informa o óbvio. As melhores escolas possuem laboratórios, computadores e biblioteca. Seus professores são bem remunerados, o que lhes permite dedicação exclusiva, ou quase exclusiva, com tempo necessário para prepararem aulas inovadoras, em geral empregando recursos tecnológicos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lentes

    Algumas semanas atrás assisti a um filme sobre a vida de Leon Tolstói, chamado A última estação. Uma obra muito boa que conta a história dos últimos anos da vida do autor russo de Guerra e Paz e outros clássicos da literatura do século XIX e início do XX. Conta muito mais que o autor e suas obras, fala do seu envolvimento com uma nova doutrina que surgiu em torno de suas idéias e passou a ser denominado de Movimento tolstoiano. Mas esse post não quer discutir o filme em si, mas a discussão gerada por ele.

Após o termino da sessão, no caminho de casa, minha amiga perguntou-me se poderia existir realmente um AMOR VERDADEIRO, como demonstrado no filme. Respondi com toda sinceridade que SIM, porém fiz algumas ressalvas. Esse amor pode existir se, e somente se, não for visto nem sentido através de LENTES e FILTROS. Trocando em miúdos, ele pode existir desde que seja realmente SINCERO.

Essa discussão levou todo o caminho de volta pra casa, e durante esse tempo tentei explicar que, na maioria das vezes, vemos na outra pessoa o que desejamos que ela fosse, e não o que realmente ela é. Nós a vemos através de uma lente que como nossos óculos, só servem para nós mesmos. O problema é que, como nossos óculos só servem para nós, as impressões que temos do outro só servem para nós e, nem sempre, se encaixam na realidade. Talvez por um pequeno período isso não seja obstáculo, mas com o tempo passa a ser e, ou as lentes caem ou algum tipo de ruptura acontece.

Já chegando próximo de casa, terminei de responder à pergunta dizendo que esse amor verdadeiro poderia e pode existir se enxergarmos o que há de verdadeiro no outro, se entendermos o outro como ele é, e não como desejamos que ele fosse. Devemos olhá-lo sem nenhuma lente, sem nenhum filtro. E isso não se resume somente a relacionamentos amorosos, mas a todo tipo de relacionamento que temos em sociedade. Relações entre familiares, de trabalho e de amizade também devem ser vistas sem o uso de lentes, o que normalmente não ocorre.

Em casa, pensei um pouco mais sobre essas últimas palavras do parágrafo anterior e pude perceber realmente que muitos relacionamentos, amizades, trabalhos e ofertas de emprego não dão certo porque, na maioria das vezes, esperamos mais do que eles podem nos dar. Porque, na verdade, os vemos através de lentes que nós mesmos colocamos e que muitas vezes podem distorcer a realidade. Essas lentes ou filtros caracterizam-se, muitas vezes, por vultuosas ofertas de dinheiro, no caso de trabalhos ou empregos; ou, nos relacionamentos amorosos, por "belezas" supostamente belas (no puro termo platônico) que são percebidas numa única noite; ou ainda, nas amizades esses filtros e lentes caem quando a cerveja acaba, ou quando alguém interfere nos desejos sexuais ou alcoólicos do outro.

Quantas vezes não escutamos: "Não era o que eu pensava", "Agora eu vi do que ele é capaz", "Não imaginava que ela podia fazer isso" entre tantas outras palavras de decepção e de arrependimento. Tudo isso acontece, pois nós vemos o mundo, somente, com os nossos olhos, ou com as lentes que colocamos em frente deles, e nos recusamos a enxergar a realidade. A VERDADE está visível pra quem quer ver. Nós por comodidade, geralmente buscamos deturpá-la através de lentes. Só pra citar um exemplo prático, tente usar óculos com lentes de graus elevados. No fundo, conhecemos a verdade sobre a pessoa com quem queremos iniciar um relacionamento, sobre a pessoa que queremos transformá-la em amiga, sobre aquela empresa que oferece um salário enorme, mas propositadamente, ou não, deturpamos essa verdade em detrimento de uma ilusão criada por nós mesmos.

Voltando ao início para terminar. O Amor Verdadeiro pode existir, se entendermos que o OUTRO é diferente de nós e que ele não precisa, necessariamente, ser o que pensamos dele. As pessoas não mudam, elas entendem as diferenças umas das outras. Como disse em outro texto, as pessoas podem ser o contrário de tudo aquilo que pensamos dela, cabe, portanto, a nós entendermos isso e ver se não estamos enxergando o mundo através de lentes, postas por nós mesmos ou por outros.

 

Ezequiel Barel Filho

Coimbra, 10 de janeiro de 2011

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desculpas


    Desculpas não se pedem. Reconhece-se a falha cometida e a partir daí procura-se não cometê-la mais.
    É nesse sentido que peço desculpas pela roupa que não usei, pela dança que nunca dancei, pela rosa que não te dei, pelo piano que não toquei e pelas inúmeras coisas que não tentei.


Coimbra, 15 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Qual o sabor do pão de queijo?

Após comer uns pães de queijo, esses dias, fiz-me essa pergunta. Aparentemente a resposta parecia-me óbvia. Mas depois de pensar um pouco descobri que podem existir muitos outros saberes além dos tradicionais. Tentei decifrá-los, e acabei por descobrir que juntamente com os ingredientes normais adicionei outros, que vieram a modificar o sabor do meu pão de queijo.
    Percebi que ao misturar o polvilho ao óleo, ao leite e ao sal pré-aquecidos, misturei também grandes doses de Saudade. Saudades do meu Brasil, da minha família, dos amigos e das coisas que vivi e que ainda hei de viver. Entendi que assim como o polvilho, que possibilita a mistura de coisas muito diferentes como o óleo, o leite e o sal, a vida faz-nos compreender como acontecimentos tão diferentes e distantes uns dos outros – às vezes dolorosos ou não – acabam tendo um real sentido mais a frente.
    Compreendi, também, que ao acrescentar os ovos e o queijo, bater e sovar a massa adicionei algumas doses de Amor e de Paixão. Amor pelas pessoas que junto comigo batalharam para que eu pudesse estar aqui, para aqueles que sempre estiveram comigo, e para aqueles que passaram pela minha vida, de forma rápida ou mais demorada, mas que deixaram algo cravado em mim. Paixão, em grandes doses, pelos amores que tive, que deixei de ter e que ainda terei ao longo desse grande périplo que é a nossa vida.
    Tudo isso, após ser bem sovado e misturado, foi repartido em pequenas partes para que fossem levadas ao forno. Não sei precisar o tempo que eles demoraram para assar. Da mesma forma que pessoas, trabalhos, amores e a própria vida tem diferentes tempos para amadurecer, o pão de queijo também. Isso depende de diversas condições, como a potência do fogão, a intensidade do fogo, as formas de preparo, etc. Por isso é necessário que fiquemos sempre atentos para não deixarmos que eles passem do tempo ou sejam retirados antes da hora, pois podem ficar crus ou muito assados. Cada um sabe o momento certo para retirá-los
    Por fim, o último sabor que decifrei foi o da Felicidade. Felicidade por ter encontrado, por aqui, pessoas que atenuaram as dificuldades que temos quando estamos sozinhos longe de casa. Felicidade, por saber que após um longo tempo fora poderei reencontrar as pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida e compartilhar com elas minhas experiências. Afinal, a felicidade só é verdadeira se compartilhada com as pessoas que nos rodeiam.

Coimbra, novembro de 2010

Ezequiel Barel Filho

terça-feira, 16 de novembro de 2010

As cores do Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!



Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,




Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,


E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.


Miguel Torga







Outono vem em vulvas claridades...
Vamos os dois esp'rá-lo de mãos dadas:
Tu, desfolhando as rosas das estradas,
E eu, escutando o choro das saudades...




Outono, vem em doces suavidades...
E a acender fogueiras apagadas
Andam almas no céu, ajoelhadas...
E a terra reza prece das Trindades.



Choram no bosque os musgos e os fetos.Vogam nos lagos pálidos e quietos,
Como gôndolas doiro, as borboletas














Meu amor! Meu amor!Outono vem... Beija os meus olhos roxos, beija-os bem!
Desfolha essas primeiras violetas.


Florbela Espanca
















terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Não sei,
Sei que sou uma pessoa que ama,
Ama a Vida, os outros, o mundo.
Mas amo de formas diferentes das convencionais,
amo a pessoa, a alma, o espírito e a AMA a vida do outro.

Sou alguém que fala o que pensa, mas penso muitas vezes antes de falar, por isso muitas vezes sou tachado de maluco, e por isso, nem sempre sou compreendido, e nem sequer escutado.

Sou uma pessoa que treme de indignação perante as desigualdades, e às injustiças. Sou capaz de brigar, até mesmo, por causa de uma conta de bar que veio errada, e que o dono não quis consertar.

Sou alguém que briga pela justiça, pela LEALDADE, pelo respeito e pela amizade.
Sou um cara que acima de tudo AMA a vida, amo meus amigos, Amo até meus inimigos, pois sem eles, nossos obstáculos, seríamos sempre os mesmos.

Sou uma pessoa que por ter certeza de minhas convicções, sou capaz de dar minha vida e minha liberdade em troca daquilo que acredito e das pessoas que amo.

Mas na verdade quem sou eu?

Um LOUCO, um MALUCO ou, como muitos dizem, um intelectual?

Quem me dera ser um louco, pois então seria privilegiado, não viveria neste mundo mesquinho e egoísta, não sofreria por amor e nem faria ninguém sofrer. Viveria num mundo superior, num mundo além das idéias além da própria razão, e em hipótese alguma desejaria viver de forma racional.

Se MAULCO fosse, teria coragem de largar tudo e viver a vida na estrada, não se importaria com passado e muito menos com o futuro. Mas se maluco fosse, teria que deixar de lado as pessoas que amo, minhas convicções e meus ideais.

De todos o que menos eu sou é um intelectual, pois eles se acham na capacidade de classificar, julgar e de administrar o mundo ditando suas regras e teorias como se elas fossem vontade geral. Na verdade, chego perto de um pseudo-intelectual, pois sei das minhas limitações e não tento me mostrar superior a ninguém. 
Mas mesmo assim não sei quem sou!!!!

Quem sou eu então?

Um ROMANTICO? um INCOMPREENDIDO.........

Na verdade, talvez eu não seja nada nem ninguém, mas tenho a quase certeza de que posso ser o contrário de tudo aquilo que você pensa de mim......


Ezequiel Barel Filho

sábado, 7 de agosto de 2010

Aquilo que lhe cabe


Versos Íntimos


Vês! Ninguém assistirá* ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Será* tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Augusto dos Anjos



*Os tempos verbais foram modificados por mim. O original é no passado

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo


Faz um tempo que eu pensava em fazer um Blog para escrever minhas coisas mas só agora criei coragem. Para dar nome a ele, uso esta frase que eu plagiei de um filme brasileiro lançado ano passado.
Mais do que pelo próprio filme, esta é frase é muito oportuna para dar nome ao Blog e, para esse momento. Ele mexeu profundamente comigo justamente pelo fato de acreditar na necessidade de conhecer novos lugares e também porque eu sempre viajei, viajo e viajarei em breve! Mas o que me intriga, é por que sempre quero voltar? Por que sempre fica um sentimento de saudade?
Comecei a pensar se viajar é preciso, por que, no meu caso, voltar também é! Achei a resposta para essa pergunta nesse título desse blog. Volto porque sempre deixo para trás as pessoas que me possibilitaram tal feito; volto porque deixo entre tantas outras coisas que amo, mulheres, amigos e familiares. Volto, justamente, porque amo a vida construída junto dessas pessoas.
Agora, porque viajar é preciso? Para tentar responder essa pergunta busquei ajuda nos versos de Fernando Pessoa que um dia escreveu:

“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Assim como, para os navegadores antigos transformarem suas vidas em algo grandioso, navegar foi preciso, hoje, para nós, viajar é preciso! Desvendar, descobrir e desbravar esse mundo que nos foi dado como bênção é nosso dever. Não importa a distância desta viajem (seja ela por terra, por água, pelo ar, virtualmente ou, simplesmente, pela imaginação) desde que seja algo novo, algo que pode ser reinventado, reinterpretado, revisitado; desde que seja algo que possa ser feito e refeito. Para darmos sentido a nossas vidas precisamos disso, precisamos viajar.
Dessa forma sempre estaremos num constante jogo de viagens, ou seja, de idas e voltas. O lugar que um dia foi sua casa passa a ser seu novo destino, e aquilo que um dia foi seu destino, passa a ser sua nova casa. Se eu sempre volto porque amo as pessoas que ajudaram a construir minha vida, nessa equação formulada agora a pouco, terei o mundo como minha casa, e as pessoas que vivem nele como meus irmãos, pais, avós e amigos. Não foi para isso que o mundo foi criado?
Viajo porque preciso, porque tenho algo de espetacular e fabuloso pra descobrir, para reinventar, para desvendar, mas volto, e sempre voltarei para qualquer que for o local porque é meu dever compartilhar com as pessoas que eu amo as experiências que tive. Na verdade, volto porque te amo.

Ezequiel Barel Filho